Porque buscar um alergista e imunologista com olhar integral?
A medicina me trouxe um olhar mais aprofundado para o ser humano. Temos uma responsabilidade enorme para com cada pessoa que nos procura, a saúde é um dos nossos bens mais preciosos.⠀
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A cada ano que passa eu sinto ainda mais convicção de que os avanços e estudos nos mostram caminhos que estão ainda mais ligados ao entendimento de como o corpo reage às enfermidades e como podemos agir para controlar, prevenir e curar nossos males.⠀
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Hoje sabemos que as alergias não são apenas uma reação exagerada do organismo. Precisamos entender o que está por trás de tudo isto. Eu me dedico a estudar de forma constante e não me contento com um diagnóstico superficial ou mesmo em tratar apenas baseado nos sintomas. Precisamos investigar e saber as causas.⠀
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Faço uma atendimento individualizado. Busco a causa do processo de adoeciemento olhando todo o corpo. Tudo está interligado. Uma peça em desequilíbrio altera outras no nosso corpo. É de suma importância entender o "todo" para que tenhamos mais saúde e menos doença. ⠀
Alergia alimentar silenciosa
Os sintomas não são os clássicos da alergia IgE que a maioria conhece... e podem ir desde sintomas de pele, nasais, enxaquecas, inchaços, dores articulares e/ou musculares, sintomas gastrointestinais, entre outros.
E porque isto acontece? Nosso corpo, que antes tolerava o alimento, pode começar a não tolerar e um dos motivos é o aumento da permeabilidade intestinal ou leaky gut.
Alimentos mais comuns que podem contribuir pra isso são leite, trigo, soja, ovo, amendoim, peixes e crustáceos.
Como descobrir? Eis a questão. Os exames não apresentam boa sensibilidade e especificidade, por isto muitas vezes a conduta de retirar o alimento e posterior provocação acaba sendo o que mais é realizado na prática.
Os exames para alergias tardias falham em demonstram a sensibilização. Por isto muitas vezes o paciente tem sintoma, que pode ser ou não de alergia, mas é ignorado pelo profissional de saúde ou pelo próprio paciente, por não entender que nem tudo aparece nos exames atuais.
Precisamos de uma boa anamnese e diante de suspeitas avaliar ou não os prós e contras dos testes que avaliam sensibilidades tardias. Temos que sim, fortalecer nosso sistema imune e ter uma boa barreira intestinal para evitarmos as alergias alimentares.
Disbiose
Trata-se de um desequilíbrio na flora intestinal (hoje chamada de microbiota) onde há alteração seja em quantidade ou qualidade das espécies ali presentes. Isso pode levar entre outras coisas a inflamação e diminuição da capacidade do intestino em absorver nutrientes, alterações do eixo intestino cérebro, entre outros.
Um dos fatores causais está relacionado a dieta rica em proteína, gordura, baixo consumo de fibras, constipação intestinal, entre outros.
Dependendo do tempo em que esta disbiose já está instalada pode predispor o paciente a doenças como intolerâncias alimentares, síndrome do intestino irritável, doenças metabólicas, imunológicas e até neurológicas.
Sintomas que servem de alerta:
Náuseas;
Vômitos;
Gases;
Arrotos;
Distensão abdominal;
Diarreia;
Prisão de ventre;
Cansaço;
Depressão e mudança de humor;
Candidíase de repetição.
Cada dia novos estudos mostram a importância da microbiota e como ela está envolvida em promover saúde, ou quando está em desequilíbrio, pode ser fonte de várias patologias. Saber diagnosticar e tratar a disbiose é cuidar do todo, afinal o intestino é sede de interrelação com diversos órgãos e sistemas.
O autismo e o intestino
Estudos mostram que há relação forte entre a neuroinflamação que ocorre nos pacientes com TEA (transtorno do espectro autista) e a microbiota intestinal, e que o intestino participa ativamente das nossas emoções.
A comunicação que ocorre é em via de mão dupla, mas o influxo de informações do intestino para o cérebro é maior que do cérebro para o intestino. Tudo finamente articulado principalmente pelo nervo Vago, um importante nervo do nosso corpo. É lógico que sabemos que o ajuste da inflamação silenciosa intestinal em associação com uma microbiota com reduzido potencial inflamatório não “cura” o TEA, porém consegue melhorar muito os sintomas e o paciente responder melhor ao tratamento multidisciplinar.
No TEA, tivemos um aumento brutal em sua incidência nas últimas décadas. Para ocorrer a neuroinflamação esta sofre a influência de inúmeros fatores como: resposta imunológica, microbioma (entenda-se principalmente a microbiota intestinal), aspectos clínicos individuais, permeabilidade intestinal, genética e fatores ambientes. Tudo tem que ser olhado. Não é apenas medicação e terapia! Tenho inúmeros pacientes autistas, que são acompanhados comigo e juntamente com seu neurologista e que juntos somamos as ações para reduzirmos o processo da neuroinflamação. Afinal sou imunologista, e deixar o sistema imune em equilíbrio é meu foco nestes pacientes.
A relação intestino e função cerebral mantêm uma conexão muito mais próxima do que vocês podem imaginar.
As práticas integrativas
As doenças já não podem ser vistas como antes! Vou explicar pra você como nós, médicos, estamos aliando a medicina convencional à uma nova visão da saúde, as práticas integrativas.
Não se trata de tratamentos alternativos. Tudo é feito com base em estudos científicos. Hoje, sabemos que muitas doenças estão interligadas. Podemos ter inflamações no intestino que, mesmo tendo os mesmos sintomas de doenças já conhecidas, estão ligadas à alimentação ou aos distúrbios emocionais.
A investigação feita por um profissional especializado, familiarizado com a medicina integrativa, tem possibilitado avanços em diversas linhas de tratamento de enfermidades, que demoram a ser diagnosticadas da forma usual.
As doenças crônicas estão cada vez mais comuns. Tenho verificado uma incidência crescente dessas doenças em crianças. O que é preocupante. Mas, a boa notícia é que ampliamos a investigação dos sintomas e os tratamentos estão mais eficientes.
Ao mesmo tempo em que realizamos exames laboratoriais e de imagem, pesquisamos amplamente todas as possibilidades que envolvem os sintomas do paciente. Desde seus hábitos alimentares até a história de casos na família ou mesmo sua rotina de sono, seus hábitos, entre outras coisas e indicamos a prática de várias estratégias que somam à abordagem convencional. Não se trata de prática alternativa, trata-se de práticas que atuam junto à terapia convencional proporcionando uma melhora maior e mais ampla ao paciente.
É importante termos uma boa balança para aliar o tratamento convencional com outros mecanismos, para que possamos potencializar o tratamento e até mesmo prevenir reincidência de doenças.
Caseína do leite de vaca
Quando pensamos em sensibilidades alimentares e alergias ao leite, a proteína mais importante relacionada a isto é a CASEÍNA. E ocorre pois, é uma proteína grande, de difícil digestão, ou seja, nosso corpo não consegue “quebrar” bem esta proteína para que ela seja absorvida em um tamanho adequado.
E pensem em um bebê com um intestino imaturo, pouca microbiota ainda colonizada e recebendo como primeiro alimento uma proteína grande em forma de fórmula, várias vezes ao dia. Fica mais fácil de iniciar um processo de sensibilidade alimentar e estímulo ao sistema imune para iniciar uma resposta exagerada e alergia.
Mesmo a criança que está em aleitamento materno, muitas vezes, recebeu a fórmula na maternidade ou nos primeiros dias de nascimento, já contribuindo para o processo de sensibilização ter se iniciado.
Para quem mais esta proteína pode ser “inflamatória”? Pacientes com disbiose, permeabilidade intestinal, pacientes com redução de acidez gástrica, pacientes que consomem lácteos em excesso, sensíveis à beta caseomorfina 7, etc. Então existem sim várias situações que predispõem ao status inflamatório, dependendo de cada indivíduo.
Outro fato importante sobre a caseína, é que em pessoas sensíveis, leva a uma alteração na motilidade intestinal: dores abdominais, desconfortos, enxaquecas, e até alteração de comportamento em pessoas sensíveis como alguns pacientes com TEA (transtorno do espectro autista).
Então, fique atento, pois o leite pode sim te levar a um status inflamatório. Muitas doenças de difícil diagnóstico podem estar ligadas a coisas simples. Basta uma investigação criteriosa e um olhar integral ao paciente.